sábado, 26 de junho de 2010

O nada

Haha, esse foi um texto que eu fiz quando eu não tinha nada para escrever. Então eu escrevi sobre o nada.



Alguém alguma vez já pensou em escrever sobre o nada? Alguém já parou para pensar o que é o nada? Se não sabemos falar o que é o nada, como sabemos o que é o nada? O nada é um vazio. Mas o vazio tem algo. O nada. Logo ele não é vazio.

Será então que o nada é algo que existe? Mas quando dizem que algo não existe, é porque é um nada. Então tudo que não existe, existe? Ou será que o nada não existe? Mas se o nada não existe, como pode não existir as coisas que não existem?

O nada é o oposto de tudo. Mas o que seria tudo? O nada poderia ser um tudo no vazio. O vazio é inteiramente, completamente cheio do nada. Logo o nada é tudo que existe no vazio. Mas como o nada pode ser tudo, se são duas idéias opostas? Então, se o nada não existe, o tudo também não existe?

É, eu não consigo pensar em nada para descrever o nada. Ou melhor, pensei em tudo para descrever o nada, certo? É, esquece tudo – ou nada.

Bem e Mal

Precisava visitar um lugar. Não sabia o porquê, mas precisava visitar um lugar. Não era um lugar, era o lugar. Eu precisava passar por aquela porta e ver o que havia dentro. Não era algo bom. Definitivamente, não era bom. Posso nunca ter sido vidente, mas sei quando algo é bom ou não. Mesmo assim, precisava entrar. Então, entrei.
Passei pela porta da igreja, e a ansiedade se misturava com o medo dentro de mim. Mas nada disso importava. Eu só precisava saber o que havia lá. Era uma igreja com um grande espaço em sua frente, deserto de concreto onde só não era totalmente vazio, pois havia uma estátua. A igreja era totalmente vazia, não era habitada havia anos. Mas mesmo assim, entrei na igreja.
Subi as escadas, passei pelos corredores escuros, tentando achar a sala que tanto eu procurava. Não sabia ainda qual sala era, mas sabia que quando a visse, saberia. Passei por uma sala. Não era ela. Passei por uma segunda sala. Também não era ela. Passei por mais duas salas, e nenhuma parecia ser a sala que procurava. Então vi outra sala.
Senti que era a sala que procurava. Abri a porta, e senti algo que nunca sentira tão forte em minha vida. Medo, nojo e pânico. Eu só queria sair logo daquele lugar. A sala era totalmente coberta de sangue. Fugi de lá. Desci as escadas o mais rápido que pude. Saí da igreja, mas ainda precisava passar pela grade ao lado da grande estátua.
Na hora que desci, o espaço em frente à igreja não era o mesmo. Parecia todo amaldiçoado, e a estátua parecia ter vida. Tentei passar pelo portão, mas a estátua não permitia. Consegui passar pelo portão e comecei a correr. Não tinha mais forças para correr e a estátua corria logo atrás de mim.
Comecei a rezar. Pedi ajuda. A estátua tentou me atacar, mas algo dentro de mim reagiu. Algo muito maior e mais forte que eu lutou contra a estátua. Mas parecia que a estátua também ganhou uma ajuda. Algo também possuiu-a, algo mais forte e maior. O Bem e o Mal lutavam agora. Não era mais eu, não era mais a estátua. Eu não assistia mais pelos meus olhos. Agora eu era narrador observador. Via meu corpo lutando, mas não era eu que estava ali. E agora, Bem e Mal lutavam. Diabo e Anjo. A luta continuou durante uma eternidade, para mim. Até que chegou ao seu fim. O Mal vencera. E eu acordei.




PS: Isso foi de verdade um sonho meu, eu lembro dele até hoje. E eu tenho um certo medo de igrejas agora.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O mundo continua girando

Pergunto-me porque estou pensando nisso. Na verdade, penso nisso há séculos, não na mesma situação, e sim como um todo. Talvez eu não tenha mesmo mais nada sobre o que pensar. Não sei. E em uma situação tão despercebida, tão comum. Com tantas recordações que guardo, tantos momentos ocorridos pelos longos anos que vivi, tantas histórias... Mas essa era importante.
Estava sentada no banco do parque em frente ao prédio onde eu morava, lugar que casualmente eu visitava. Gostava de ouvir os risos das crianças brincando, já que as minhas já haviam crescido fazia tempo. E as minhas velhas crianças tinham outras crianças que também já não eram mais crianças. É, o tempo passou rápido. Sentia o cheiro do pão da padaria que acabara de abrir na calçada em frente ao parque. Adorava o cheiro.
Vi uma criança chorando. Brigava com a sua mãe porque não queria sair do parque, não queria ir para casa de seu pai visitá-lo, o qual aparentemente, era separado de sua mãe. E aquilo me fez rir. De uma certa forma, era cômica a ingenuidade da criança. Mas era apenas uma criança. E um dia ela iria mudar de idéia.
Mas eu me lembrei que também era assim. Toda criança é assim. Ingênua. Um dia elas irão perceber que os pais não só as fazem chorar de raiva e tristeza, mas um dia as farão chorar de saudade. Perceberão que quanto mais se erra, mais se aprende. Perceberão que nós demoramos dez minutos para cair, mas devemos nos levantar em cinco. Perceberão que a vida tem muitas pessoas más, mas nós devemos lembrar que existem as boas.
Um dia ela aprenderá que na vida há mil motivos para chorar, mas há dois mil motivos para rir. Como o tempo passa rápido. Acho que estou envelhecendo rápido demais. Por que quando se envelhece cada pequeno momento parece valer cada vez mais? Por que quando se envelhece pensamos mais do que falamos? Penso nisso depois. Sinto o cheiro do pão, ouço o riso das crianças brincando. O mundo continuará girando, girando, girando. E eu envelhecendo. Só isso.

O fim de tudo

Apenas consigo ouvir meus pensamentos. Todo som emitido do lado de fora é impossível de ser ouvido. É forte demais. Eu não quero ouvir mais nada, eu só quero pensar. Pensar em algo que me faça ao menos esquecer o que se passa diante dos meus olhos, não literalmente, já que não posso mais enxergar nada.
Todos sabiam que um dia esse momento chegaria. Um momento tão esperado por toda humanidade, mas ninguém nunca realmente cogitou a possibilidade de estar tão próximo, era impossível demais. E foi de repente demais.
Em um segundo estávamos sentados em um sofá rindo. É até engraçado pensar nisso dessa forma, como podíamos em um segundo mudar todo o astral de tudo? Como pôde em um segundo o mundo estar com os seus problemas comuns, mas inteiro, e no outro segundo tudo estar acabado?
Eu não me lembro de nada depois do barulho ensurdecedor. Só sei que corri. Corri como se aquilo valesse toda minha vida. E todos a minha volta também corriam. Ninguém sabia para onde correr, só sabiam que precisavam correr. Não importava mais quem você era, com quem você vivia, onde você morava, de quem você não gostava. Só importava salvar suas vidas, e de quem mais você conseguisse ajudar.
E continuei correndo. Estava sozinha, não achava minha família nem amigos. Corria loucamente, a agonia de não saber o que fazer me sufocava. Não sabia o que fazer, não sabia para onde ir. Vi apenas um clarão e mais nada. Depois disso não vi mais nada. Senti uma mão me segurar e me puxar. Eu tropeçava pelo caminho, não conseguia acreditar. Eu queria minha visão de volta, eu queria enxergar.
A pessoa que me puxava para algum lugar que eu não sabia qual era me disse para ter calma, era apenas ela, minha mãe, e agora estava tudo bem. Mas não estava. Eu contei que não conseguia mais ver nada. Ela me levou para algum lugar onde eu pude ouvir as vozes do meu pai e meu irmão.
Ela me disse que agora nós estaríamos seguros, e que uma hora tudo aquilo iria acabar. Os gritos das pessoas me faziam gritar, mas não eu conseguia emitir uma nota sequer. Apenas consigo ouvir meus pensamentos. Todo som emitido lá fora é forte demais.
Eu queria poder ver mais uma vez o rosto dos meus amigos. Queria poder ver mais uma vez o mar. Queria poder ver o por do sol outra vez. Eu estou chorando. Eu só quero abrir os olhos outra vez. Eu quero poder ver pelo menos uma última vez. E como eles podem estar tão próximos de mim, como posso sentir todos eles, e não poder vê-los?
Ouvi de novo um barulho ensurdecedor. Agora eu consigo ver tudo outra vez. Não sinto mais dor no coração. Eu vejo aqui de cima o mundo caindo aos pedaços. Agora eu estou em um lugar melhor, com as pessoas que eu amo. Foi tudo muito rápido.